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por meio de notificações obrigatórias de contágios, fiscalização in loco,
aprovação de leis e regulamentos e, nãomenos importante, disseminar o
conhecimento a respeitode seus riscos àpopulação.
Entretanto, independentemente da ação pública nessa área, ela só
existiria e é necessária em funçãoda enorme negligência do setor privado
sobre aminimização dos riscos dessa bactéria. A atitude governamental é
importante,mas a açãodo setor privado sobre os seus próprios sistemas e
os riscos que estes proporcionam à população é essencial. Para provar este
ponto, é necessário pensarmos em algumas características dessa doença.
OMal dos Legionários não é transmitida de pessoa para pessoa, ou seja,
ela não é do tipo de infecção que se dissemina indiscriminadamente em
função do fluxo de pessoas. A sua origem é sempre um sistema de água
(quepode serum sistemade resfriamentodeuma siderúrgica, o sistemade
água potável de uma casa ou o sistema de água quente de um hotel cinco
estrelas) e os contágios tem relação ou circunscrição geográfica limitada
em relação a essa origem. Emqualquer casoou surto específicohá apenas
uma origem ambiental que se limita a quem teve contato com a fonte de
contaminação original. Pode-se pensar no caminho inverso: tendo um
caso ou um surto, é possível identificar o sistema gerador do contágio e,
por consequência, haverá sempre um responsável (jurídico ou físico) que
possibilitou adisseminação.
Entendendo essa característica da doença, é assim o setor privado,
enquantonegligente com relação aos riscos da
Legionella
em seus sistemas
de água, o responsável direto, pelo menos de grande parte, dos surtos
silenciosos e evidenciados não apenas no Brasil, mas em todos os países
desenvolvidos ou emdesenvolvimento.